Se você está acompanhando esta série de artigos desde o princípio, você já notou que o mapa mental (criado com o Mindomo) de meu Ambiente Pessoal de Aprendizagem (APA) é dinâmico. Primeiro porque, de fato, ele é modificado de forma a refletir a realidade de meu APA, que evolui de acordo com a forma como eu mesmo aprendo, sempre testando uma nova ferramenta ou fonte de informações e também eliminando outras. Segundo porque percebo que, ao avançar nestes artigos, posso aprimorá-lo continuamente para melhor transmitir informações a outras pessoas.
Faça seus próprios mapas mentais no Mindomo.
Ao navegar no mapa acima (coloque-o em tela cheia para uma melhor visualização) você verá que, na agregação automática de informações, incluí listas de emails que assino e também links para as fontes de informação. Eu poderia usar o Google Reader para acessar as mesmas informações que recebo pelas listas, mas por questões históricas - ou de costume mesmo - ainda prefiro receber estas informações em meu email. Lembre-se: o seu APA deve refletir a *sua* realidade, o que funciona melhor para *você*. Eu ainda uso muito o email e listas funcionam bem para mim. Minha filha mais nova, por exemplo, tem como principal base de comunicação e interatividade as redes sociais, em especial o Facebook.
Quase todos os componentes usados na agregação automática de informações prestam-se à alguma forma de navegação assistida. Quando abro o Youtube, por exemplo, o portal já apresenta-me os lançamentos daqueles canais que assino e sugere vídeos que o próprio Youtube acredita que possam interessar-me. Neste final de semana, porém, eu e minha mulher resolvemos aprender a jogar Gamão. Na verdade eu quis aprender a jogar gamão e ela concordou em aprender comigo, desde que eu me matriculasse com ela em um curso de dança de salão...
Fiz a busca por algumas palavras-chave no Youtube e logo encontrei um conjunto suficiente de informações. A melhor foi uma lista de reprodução com um excelente tutorial em inglês, que eu poderia ter simplesmente enviado por email ou mensagem instantânea para a minha mulher, mas pensei que minhas filhas também poderiam se interessar pelo assunto e usei o Diigo para coletar estes dados. Ou seja, usei a busca do Youtube para encontrar a informação que eu desejava, classifiquei-a com o Diigo e a disponibilizei para outros interessados, atuando como um curador dessa informação. Também usei o Diigo para catalogar minhas descobertas sobre Ambientes Pessoais de Aprendizagem - uma das mais recentes adições são os artigos do Paulo Simões sobre o tema.
O Diigo é bastante simples de usar, bastando instalar o complemento específico para o seu navegador preferido e sair catalogando e anotando o que você quiser em qualquer página da web. Ao voltar às páginas já visitadas suas anotações estarão presentes e o Diigo ainda armazena, em seu próprio perfil, as informações que você vai classificando pela web. A professora Teresa Pombo disponibilizou uma apresentação completa sobre o Diigo (abaixo) e também mantém em seu perfil, na própria ferramenta, uma coleção de informações sobre sua utilização.
Comecei a usar o Diigo há pouco tempo. Minhas experiências anteriores com ferramentas sociais de catalogação de links (social bookmarking) não foram suficientemente satisfatórias. Eu costumava catalogar anotações e pedaços de informações (produzidos por mim ou não), incluindo links, fotos, trechos de artigos, nomes de livros e tudo o mais em documentos no Google Drive. Há cerca de um ano descobri o PiggyDB, um programa promissor no apoio à criação de conhecimento e, desde então, comecei a migrar para ele, gradualmente, a minha agregação assistida de conteúdo.
O PiggyDB foi escrito em Java, por Daisuke Morita, e consiste em um portal web no qual é possível catalogar qualquer tipo de informação, buscar textualmente por ela e estruturá-la posteriormente. Ele pode tanto ser instalado em um servidor, para o uso compartilhado, como em uma máquina desktop, para o uso pessoal. Para utilizá-lo, baixe a última versão, descompacte o arquivo em uma pasta de sua preferência e execute-o com o comando:
java -jar [sua pasta]/piggydb-standalone.jar
Feito isto, acesse o PiggyDB em seu navegador no endereço http://localhost:8080. Em seu primeiro uso tanto o usuário como a senha são "owner".
Para familiarizar-se com o PiggyDB o melhor é começar a usá-lo como a única ferramenta de anotações pessoais em seu computador pessoal. Cada peça de informação no PiggyDB é chamada de "fragmento de conhecimento" e pode ser um texto puro, conter links, imagens ou qualquer tipo de arquivo. Uma vez salvos (registrados) no sistema os fragmentos podem ser buscados por seu conteúdo textual ou pela classificação através de "tags". Cada fragmento pode ser associado livremente a outro através de um simples "arrastar e soltar" e novos fragmentos podem ser criados de forma independente ou já associados a outros (neste caso, herdando a classificação do fragmento ao qual nasce associado).
O PiggyDB pode parecer um tanto complexo à princípio, mas na medida em que você aumenta o número de fragmentos de conhecimento nele e começa a fazer associações e classificações, ele funciona como um grande auxiliar para a produção de textos e, quiçá, novos conhecimentos.
Em um artigo anterior escrevi:
Há que se fazer (...) uma releitura do significado da palavra "inovação". Há que se criar uma nova mentalidade que reconheça que tudo está posto, quase tudo já foi criado e não existe mais espaço para a "grande inovação". Mas há cada vez mais espaço para ideias de todos os tamanhos que, a partir do todo posto, gerem combinações inéditas que representem pequenas inovações incrementais acima do tudo criado.
Neste sentido, o PiggyDB é de grande valia para que possamos organizar "o todo posto" e visualizarmos, de maneira mais fácil e criativa, pequenas inovações incrementais.
Primeiro experimente com o PiggyDB e, depois, leia os ensaios do Daisuke Morita sobre a forma como ele mesmo utiliza a ferramenta.
Para que o PiggyDB torne-se uma ferramenta perfeita falta ainda algumas coisas:
- um complemento para que as anotações e bookmarks possam ser feitas diretamente nas páginas da web, como no caso do Diigo;
- uma versão mobile que possa ser sincronizada com a versão desktop;
- tradução para o português;
- tutorial mais abrangente sobre seu uso, incluindo alguns vídeos no Youtube.
Mas veja só, a ferramenta é livre e qualquer um pode contribuir para que ela chegue cada vez mais perto da perfeição!
E por hoje é só porque o artigo já está grande demais! Até o próximo!
Publicado originalmente no Dicas-L.
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