Social Network Driven Development

Li, não faz muito tempo, que o Facebook já é o terceiro maior país do mundo em termos populacionais. No momento em que escrevo este artigo as estatísticas do próprio Facebook mostram que hoje a rede tem mais de 750 milhões de habitantes.

Há algum tempo desenvolvemos um estudo e um protótipo para uma empresa que desejava implementar um ambiente virtual de aprendizagem para seus clientes e colaboradores, mas este ambiente não deveria ser "invasivo" e sim privilegiar as formas naturais através das quais as pessoas já buscam informações e aprendem na web. Ao mesmo tempo, ele deveria permitir um direcionamento da educação em assuntos de interesse da empresa e também um bom nível de acompanhamento e avaliação. O estudo nos mostrou que uma parte significativa dos colaboradores da empresa e seus clientes já utilizavam, de forma bastante ativa, as redes sociais para a troca de informações quanto ao uso de seus produtos. Desta forma criamos o protótipo utilizando o Drupal com o módulo Classroom e uma série de outros que permitiam a integração do ambiente com o Twitter e o YouTube. Esta foi a primeira vez em que pensei no termo "Social Network Driven Development", ou desenvolvimento orientado a rede social.

Como sei que há muitos pensamentos soltos na pensosfera coletiva, procurei por "Social Network Driven Development" no Google e encontrei um blog da Universidade de Southampton, na Inglaterra, que relata a criação do MovieIt, um sistema de recomendação de filmes entre amigos conectados através do Twitter e do Facebook. Uma pessoa assiste um filme, dá uma nota para ele e, se quiser, escreve uma recomendação ou o indica diretamente aos amigos. Outras pessoas podem procurar pelos filmes avaliados por seus amigos e o sistema pode recomendar filmes de acordo com similaridade de perfis.

Mesmo sem a existência de um sistema formal de recomendações e avaliações, o Rio Grande do Sul viveu um belíssimo exemplo de desenvolvimento que originou-se e foi alimentado a partir das redes sociais. Em dezembro de 2010, o músico Tonho Croco publicou no YouTube a música Gangue da Matriz em homenagem aos 36 deputados gaúchos que votaram por um aumento de 73% em seus próprios salários. Deu bafafá, ameaça de processo contra o Tonho, mas deu resultado. Foram muitas as manifestações públicas de apoio ao músico, tanto no mundo real como no virtual. Mais recentemente, no dia 31 de agosto, o Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul negou o aumento, autoconcedido, de 73,3% aos vereadores de Porto Alegre. Eu me pergunto de onde eles tiram esses percentuais!

Infelizmente o Rio Grande do Sul não é o único palco de aumentos autoconcedidos a nossos representantes no governo. A culpa é nossa. Votamos neles. Mas pensando, de novo, no que já está sendo desenvolvido com base em redes sociais, uma aplicação nos moldes do MovieIt que nos permitisse dar notas e comentar sobre os políticos, recomendando-os ou, especialmente, desrecomendando os desonestos, auxiliaria muito a nossa memória na hora do voto. Só os nomes que aparecem nos links com os quais recheei este artigo alimentariam um bom projeto piloto.

Publicado originalmente no Dicas-L



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