Solivre-PR

Aproveito um descanso aqui em Maringá, Paraná, onde estou a convite do evento Solivre-PR, para escrever um relato sobre o mesmo para o Dicas-L. Os artigos sobre Portais Corporativos continuarão a ser veiculados nas datas previstas -- os que os estão acompanhando (aliás, muito obrigado pela audiência e pela participação!) podem ficar tranqüilos que não haverá interrupção. Acima de tudo, enquanto falamos sobre formas de comunicação na Internet e a evolução do conhecimento criado coletivamente, este evento não deixa de estar vinculado a estes assuntos.

Eu já havia participado do primeiro Solivre-PR e escrevi sobre o assunto aqui no Dicas-L, enaltecendo a série de eventos sobre tecnologias abertas que acontecem pelo interior do Brasil. De fato, e sem querer parecer estar "me fazendo", como dizemos aqui no Sul, acabei obrigado a negar minha participação em vários eventos, sempre buscando indicar outros palestrantes que mereciam a devida exposição e que trouxeram assuntos de extrema importância ao palestrar em eventos nos quais não pude comparecer. Em muitos casos, sei que até perdi oportunidades de novos convites, uma vez que minhas indicações acabaram por se mostrar "melhores do que a encomenda" -- e aí tais novos convites foram para elas e eles, e não para mim. Faço o máximo possível, porém, para participar de eventos heróicos como o Solivre-PR, que se preocupam com a criação de oportunidades de negócios e fixação de inteligência humana nas suas regiões de atuação.

Minha palestra foi sobre a interoperabilidade como oportunidades para o software livre ou aberto, um tema que também já abordei por aqui. O público era formado em grande parte por estudantes de administração, marketing e, em número menor, análise de sistemas. Para os cuecas, como eu, que participam de eventos de informática, foi muito bom ver uma platéia correta e sexualmente dividida. Em outras palavras: a mulherada compareceu em peso! Incluí slides que explicavam o que é o software livre em minha apresentação, por fazer uma das primeiras (outras aconteceram simultaneamente) e porque muitas pessoas estavam tendo o primeiro contato com o assunto neste evento. Falei sobre oportunidades, sobre o fato de muito poucos saberem o que é o RSS enquanto 30 milhões de brasileiros usam o MSN e sobre os serviços que a Brod Tecnologia presta para a Microsoft. Na conclusão coloquei, lado a lado, a fidelidade aos princípios e a ação pragmática, junto ao compromisso que todos temos de melhorar nosso país, gerando empregos e riqueza regionalmente. Outra opção é aceitarmos trabalhar para empresas Indianas que, inteligentemente, descobriram essa fórmula antes que nós. Mas isto já é outro artigo!

O desenvolvimento regional foi a pauta das palestras do professor José Eduardo De Lucca, da Universidade Federal de Santa Catarina, mentor do projeto Via Digital. Aprendi com ele que cidades como "São José do Deus me Livre" e "Cabrobró do Mato a dentro", uma em cada canto do país, podem compartilhar informações e soluções tecnológicas, gerando empregos para os jovens de sua região, quer atuem na área de informática ou qualquer outra. Só pra dar um exemplo: quantas empresas mudam de um município para outro, deslocando a arrecadação de seus impostos, sem que a administração pública saiba o que está acontecendo? Quantas ações de marketing podem ser feitas uma vez em que se saiba que existe o risco de que empresas que arrecadam impostos e geram empregos saiam do interior para cidades maiores, especialmente hoje, quando fronteiras geográficas são invisíveis na Internet? Alô prefeitura de Arroio do Meio! Estão me ouvindo? Muitas vezes, gestores municipais desconhecem a quantidade de informações que já existem e que poderiam transformar em ações de marketing que favoreçam o aumento da arrecadação de impostos. Prefeituras vivem de impostos, não é?

Como palestrante, obviamente, não pude participar das palestras que aconteciam ao mesmo tempo que as minhas. Assim, vou pecar ao não comentar várias delas, na esperança que outros façam o relato. Mas o Cícero André da Costa Moraes (o nome é este até a meia-noite!) merece convites para todo e qualquer evento de software aberto, produção multimídia, arquitetura, cinema e muitos outros que venham por aí. O cara é um showman! E olha que esta foi a sua primeira palestra em público! Ainda bem que a minha palestra aconteceu antes... O Cícero transformou o Blender em um sonho de consumo! Pra quem não sabe, o Blender é um programa para a construção de objetos e animações tridimensionais. Coisa de louco, como o Cícero! Em menos de dois anos ele vai fazer uma série de palestras internacionais. Isto é o que dizem minhas bolas de cristal (os leitores já sabem que tenho duas, uma backup da outra).

Se Maomé não move a montanha, ela vem. O Solivre-PR é o resultado da obstinação de um cara que presta serviços para a Duke University desde a época em que morava em Ivaiporã e que, desde sempre, acredita que o conhecimento é para todos. O Professor Montanha não está milionário porque optou por enriquecer de cultura sua região, seu berço, o noroeste paranaense. O Montanha é um abnegado, um herói capaz de idealizar e lutar pela realização de um evento que é um exemplo para todos os interiores brasileiros, que não deviam se contentar em, simplesmente, treinar e perder seus talentos para os grandes centros. A maior delícia de se trabalhar com conhecimento livre e aberto é descobrir pessoas com as quais a gente tem muito a aprender. Tenho muito a aprender com o Montanha. Tenho a certeza de que não sou o único!

Abraços pra Ana, pra professora Magali, e pra todo o pessoal do Solivre-PR, da Faculdade Maringá e do Hotel DeVille! Pro Montanha um beijo, mas como diz o Cícero, daqueles de macho!!!



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