Ampliando negócios com software livre no mundo proprietário

Soluções em software livre tornaram-se famosas por invadir mercados "comendo pelas bordas". Em um determinado momento, alguém colocava um servidor de arquivos ou impressão para rodar em Linux ou FreeBSD e a coisa funcionava tão bem que a plataforma passava a ser considerada para outras missões mais importantes. Outra coisa que levou o software livre para dentro das empresas foi a própria Internet. O Unix já tocava a Internet e, assim, quando as empresas começaram a implementar suas soluções internas de intranet, e-Mail e outras, o herdeiro do Unix, o Linux, ocupou naturalmente seu espaço. Por outro lado, 90% do desktop continua na plataforma Microsoft com a dobradinha Windows e Office.

Mesmo considerando o OpenOffice.Org uma oferta a altura e reconhecendo que sua implantação tanto no Windows como no Linux está aumentando, o fato é que as implantações com Windows e Office também aumentam e, assim, a divisão deste bolo crescente parece não mudar de maneira muito dramática ao menos nos próximos poucos anos.

Quem fornece soluções em software livre deveria levar em conta que a plataforma Office (especialmente a nova, ainda em beta, Office 2007), pode ser uma excelente maneira de se ampliar a oferta, continuando a comer pelas bordas, mas atacando um mercado potencial muito grande. Basta não imaginar o Office como um simples conjunto de produtividade, mas como a interface familiar para usuários que usarão o Word, o Excel, o Outlook e outros como clientes de soluções desenvolvidas em software livre. Claro que podemos -- e devemos -- seguir construindo interfaces para o OpenOffice, Evolution, Mozilla e outros, mas por que não aproveitar para crescer também dentro de uma grande base que já está aí?

Por que, por exemplo, não pensar em usar o Excel e o Calc como a interface cliente para uma aplicação de análise financeira, alimentando-os dinamicamente com dados extraídos em tempo real através de um sistema administrativo em software livre? Ou ter o Outlook/Thunderbird como a interface cliente de uma aplicação de CRM?

Coisas assim já existem como soluções puramente proprietárias. Que tal crescer a oferta de soluções de backoffice em software livre, usando a familiaridade que os usuários já têm com as soluções de produtividade que já escolheram?

Eu sempre tenho a curiosidade de olhar os dados do Netcraft e ver o avanço do apache, que ainda domina o mercado de servidores web. Desde outubro de 2005, porém, o apache vem caindo e o IIS (Internet Information Server) da Microsoft vem subindo cerca de 4,65% ao mês. Analisando mais a fundo, vemos que esta estatística está favorável à Microsoft especialmente pela adoção de seus servidores em grandes empresas de hospedagem web, como a Go Daddy, Pipex, Lycos e Zippa.

Ou seja, a Microsoft faz sua análise de mercado e cria sua estratégia para entrar em mercados que interessam à empresa, mesmo aqueles onde o software livre está dominando. Não há nada de errado em buscar novas oportunidades onde a concorrência se encontra. Empresas e profissionais de software livre podem expandir suas ofertas de serviços se abrirem mais seus olhos para oportunidades de interoperabilidade e convivência dentro de ambientes já dominados por outras plataformas.

Artigo produzido para o Dicas-L



Design: Dobro Comunicação. Desenvolvimento: Brod Tecnologia. Powered by Drupal