Contos da época do computador à lenha - parte 3

Tá bom, essa história não é tão velha assim, mas como nessa nossa área de informática o tempo anda mais rápido do que nas outras, logo vai ficar, então tá valendo!

Final de 2002, eu havia acabado de ler o "Não se pode amar e ser feliz ao mesmo tempo", do Nelson Rodrigues. O livro é uma coletânea das cartas que a "consultora sentimental" Myrna (o próprio Nelson) respondia em sua coluna no jornal "Diário da Noite", do Rio de Janeiro, lá pelos anos 40. Pensei: que idéia legal se pudéssemos resgatar "virtualmente" a Madame Myrna!

Desde 2001 usávamos na Univates o sistema Rau-Tu, idéia do Rubens Queiroz implementada, inicialmente, pelo Marcelo Malheiros. O Rau-Tu têm uma dinâmica extremamente simples (e por isso mesmo funciona muito bem):

  1. alguém faz uma pergunta através de um formulário web;
  2. um voluntário candidata-se a respondê-la;
  3. o perguntador aprova ou não a resposta;
  4. a cada resposta aprovada, o par pergunta+resposta fica disponível para os internautas;
  5. os internautas votam na "utilidade" da resposta.

Dessa forma, o Rau-Tu passa a construir, rapidamente, bases de conhecimento alimentadas pelos próprios usuários do sistema.

Por quê não usar o Rau-Tu para conselhos sentimentais? Nascia assim, em janeiro de 2003, o Rau-Tu Madame Myrna, que segue vivo até hoje graças a seus colaboradores incansáveis, que entendem de tudo! Amor, sexo, mulheres, homens, moda e muito mais. O acesso ao portal é bastante sazonal, mas a cada baile de debutantes os filhos de Myrna são convocados a elucidar o mistério de um "traje recepção" -- faça uma busca por palavra chave no site da madame que saberá do que estou falando.

Em seus mais de cinco anos de vida, Madame Myrna já resolveu problemas de relacionamentos amorosos no local do trabalho, dissecou o mito de causa e efeito entre a masturbação e a mão cabeluda e salvou muitos casamentos. Mais do que isso, serviu para mostrar que um sistema como o Rau-Tu pode prestar-se à muito mais coisas do que bases de conhecimento técnico. Mesmo que isso possa não ter grande utilidade, este foi um projeto extremamente divertido de desenvolver. Um detalhe, no Madame Myrna, tanto quem pergunta quanto quem responde está protegido por um pseudônimo, para garantir a privacidade dos colaboradores e dos pequenos corações aflitos.

Abraços ao Rubens Queiroz, que várias vezes contribui com o processo de penetração da Myrna! Abraço especial ao Kibo (todos sabem quem é Kibo, menos eu!).

Artigo produzido para o Dicas-L



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